terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ferramenteiro do Pai

Maravilhoso texto que o Elimar escreveu como homenagem do Jurassic Prodes aos 80 anos do Padre Osvaldo:

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Temor ao Amor

Ao nos depararmos com a palavra temor fazemos associações imediatas e perigosas, com outras palavras como: medo, pavor, susto, repulsa, e outras. Porém, proponho um novo olhar ao pensarmos nesta palavra.

O Temor a Deus com um dom do Hálito de Deus seria, noutras palavras, o temor ao Amor. Aí a gente se pergunta: - Por que eu temeria o Amor? Por que temer a Deus? Não há motivos para temer a Deus, certo?

Bem, o temor é uma forma de avaliar o tipo de amor que temos, o tipo de amor que oferecemos e o tipo de amor que exigimos. A finalidade de temermos o amor não é ter medo de amar.

Lembro de Beto Guedes cantando: “O medo de amar é não arriscar, esperando que façam por nós o que é nosso dever”. Então o temor não está no medo de amar, pois amar é um risco. O temor reside em como amar.

O temor está na constante revisão e indagação de que se o amor que amamos é o que convém a Deus e não o que nos é conveniente a nós mesmos.

Quando declaramos que amamos a Deus estamos declarando que estamos no seio de Deus e que, como nos fala Jesus de Nazaré no Evangelho de Mateus, devemos amar a Deus com todas nossas forças e ao nosso próximo como a nós mesmos. Já pensaram no risco que é isso. O risco de Amar?

Não é o risco que devemos temer; devemos temer o risco de amar errado. Por isso pedimos ao Espírito Santo a graça do Temor, para sempre avaliarmos a consistência do amor que dedicamos.

Todos os outros Dons dizem respeito ao jeito de amar e este, em especial, diz respeito a como usar cada um dos demais para saber se o Amor é verdadeiro e combina com o “jeito” do Hálito de Deus.

Elimar Melo

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Tenha piedade

Pessoas piedosas são pessoas que carregam consigo a tranqüilidade de serem abertas às modificações do tempo, pois o seu olhar para o mundo é diferente.

A piedade reside na capacidade de amar com doçura, cuidado e perdão.

Um ser piedoso não é o que “tem dó” dos outros, ou que se comove com situações de dor, perda ou miséria alheia. Isso não é piedade, é apenas uma sensação de incômodo íntimo, misturado, muitas vezes, com culpa e impotência para a ação.

A piedade reside no jeito de amar o próximo, na maneira com que o olhar se move para as carências do outro, sem comparar com as nossas. Ou seja, não é medir o quanto o outro é miserável e infeliz; é partilhar a nossa Graça e Felicidade.

Elas (Graça e Felicidades) são completas quando oriundas do seio do Espírito, do Hálito de Deus. E dividi-las de forma sincera e aberta, com carinho e respeito às limitações dos outros é a forma piedosa de ser.

Jesus de Nazaré ao se encontrar com a Samaritana, em Sicar, pede a ela água, o que causa imenso espanto àquela mulher. Ele, judeu e homem, portanto socialmente superior à ela, mulher e samaritana, desfaz-se do modelo social e encara o ser humano na sua frente. E o faz com cuidado e respeito, o que deixa a mulher ainda mais impressionada e à vontade.

O dom da Piedade nos faz mais próximos das necessidades de nossos irmãos, pois nos colocamos ao lado deles e não acima deles, com distanciamento, medo ou orgulho de “quem está ajudando”.

Outra confusão comum é pensar que piedade e assistencialismo sejam a mesma coisa. Muitos de nós ajudamos nossos semelhantes oferecendo esmolas e auxílios de todas as ordens. Atitude importante e louvável. Necessária e prioritária para minimizar a pobreza alheia. Contudo, isso por si só não constitui a piedade.

O ser piedoso tem nessas atitudes apenas como uma das manifestações de sua vida aberta ao outro.

Uma das formas mais difíceis de manifesta a piedade é a presença e a escuta. Pois, mais que oferecer coisas, é oferecer-se, partilhar o que temos de mais precioso, nós mesmos e nosso tempo.

Quando suplicamos por piedade, estamos, de fato, pedindo que o outro se coloque em nosso lugar e partilhe conosco do nosso sofrimento, portanto: Tem piedade.

domingo, 7 de agosto de 2011

Sê forte e siga


A primeira questão que me ocorre ao pensar em fortaleza é o aspecto intransponível de uma construção sólida e imponente que tem como finalidade defender uma região.

Esta é a primeira questão e a principal para a reflexão que sugiro para este dom do Espírito.

Sigam o seguinte raciocínio... Lembremos das fortalezas medievais. Onde estão instaladas as fortalezas ou onde elas devem ser colocadas? Normalmente, em regiões estratégica para proteger regiões mais frágeis e evitar a ação do inimigo. A lógica do dom da Fortaleza é a mesma.

Para proteção das investidas dos inimigos devemos nos revestir da Fortaleza do Espírito de Deus. Os inimigos são os pecados, aqueles e aquilo que nos afastam do Hálito de Deus.

Para comportarmos como fortalezas são necessários cuidados importantes e uma atenção especial com os aspectos voltados para defesa. Como as fortalezas medievais, já citadas, seu principal objetivo não estava na conquista, expansão ou crescimento. Mas, na garantia de não perder o terreno.

Assim, o dom da fortaleza é a garantia de que o Espírito de Deus nos reforça para que os propósitos do Carpinteiro de Nazaré permaneçam plenos em nosso cotidiano.

A Fortaleza está na firmeza dos propósitos individuais o que serve de exemplo para as comunidades e torna-se referência de certeza, persistência e fé.

A fidelidade aos princípios e valores básicos da proposta cristã só pode ser mantida se os integrantes das comunidades perpetuam a celebração do legado do Nazareno, através dos Sacramentos e, principalmente, através do cumprimento do maior dos mandamentos; o exercício do Amor.

O desafio não é apenas ser forte. Este já é grande o suficiente para um indivíduo. O maior desafio é ser abrigo do Hálito de Deus e proporcionar a “construção” de fortalezas. As quais eu só acredito que sejam possíveis se forem produto das comunidades cristãs.

Assim como todos os dons do Espírito, a Fortaleza tem sentido se colocada em ação em favor do próximo. Abrigar o dom da Fortaleza para si não cumpre o objetivo do dom. Os dons que recebemos devem ser ferramentas para nos aproximarmos dos outros e tornarmos a existências deles mais significativas e felizes.

O apelo individual é: Sê forte... O apelo coletivo é: Construamos Fortalezas de Fé.

Elimar Melo

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Estás ciente?


Diz-se que quanto mais a ciência aumenta mais Deus diminui. Quanto mais as descobertas científicas da humanidade se ampliam menor é responsabilidade de Deus nos eventos cósmicos.

Bem, eu gosto disso. Gosto de pensar que Deus não é o responsável pelo trovão e raios que cortam os céus e assustam as pessoas como demonstração de poder. Gosto de conceber um Deus que seja maior e mais ocupado com a eternidade do que um deus que seja responsável por cuidar da colheita mediante as oferendas que eu possa dispor.

É pelo “Hálito de Deus” que se desvelam as coisas que para além do entendimento e compreensão (vistos na abordagem do Entendimento) o ser humano é capaz de buscar a essência de Deus.

A Ciência nos traz a visão da profundidade da Criação. Uma Criação assimétrica já constatada pelos estudos da física e da cosmologia, mas de uma assimetria que lhe confere uma imperfeição responsável pela possibilidade da existência da vida na face de nosso planeta azul.

A Ciência como fonte de conhecimento para solução de muitas de nossas dúvidas, ainda não respondeu muitas outras que estão no íntimo do ser humano. Por exemplo: Qual é o sentido da vida?

É possível que nossas respostas para perguntas como esta não sejam possíveis através do estudo científico. Contudo, é importante entender que o dom da Ciência vai para além dos estudos desta natureza.

Ter ciência é mais que dominar os princípios científicos. Isso é importante, claro; porém a ciência diz respeito à possibilidade de nos entendermos dentro do contexto do universo.

A busca pela ciência não é a busca pelas descobertas da composição elementar do Cosmos ou a descoberta de vida noutros locais do Universo ou mesmo qual é a cura do câncer ou Aids. A Ciência busca resposta sobre o que é essencial e fundamental na vida.

A busca dos seres humanos tem sido maior do que entender o que está por fora dele ou do que ele é composto. A busca é de entender o porque se existe e qual é seu destino.

Não tenho respostas; tenho pistas. Não as criei, mas as experimento. E a experiência tem mostrado que a busca pelo Amor tem tido maior sucesso que as demais buscas que empreendo.

Chamo de sucesso não apenas o alcance de resultados pessoais, mas a dilatação e propagação de melhores resultados para o que existe no entorno.

Um ser Ciente de si é aquele que sabe qual é sua finalidade naquele momento. Ter ciência é entender seu papel em cada etapa e setor de nossas vidas. A Ciência nos remete à essência, prioriza a visão do íntimo e dá sentido à existência.

Sermos cientes é sermos constantemente questionadores de nossos papeis e inquietos para a realização de nossa essência. Que penso que seja Amar.

Essa é mais uma provocação.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Minuto de Sabedoria


Iniciamos aqui a “outra conversa” anunciada no Hálito de Deus... Após abordar a importância do Espírito Santo de Deus para garantir o verdadeiro encontro com a vida. Quero abordar os dons do Espírito em fragmentos para reflexão. Lembrando que é a partir do sopro de Deus que o homem ganha vida. É a partir da introdução da essência de Deus no interior do ser humano que o mesmo se reconhece Ser.

Continuando a provocação, parto pelo dom da Sabedoria.

Na linha da simplicidade das coisas e da abordagem mais prática que se faz nesta proposta, podemos dizer que a Sabedoria está ligada ao processo de decisão.

É simples, mas não é fácil... Para pensarmos na Sabedoria como fator decisivo no processo de viver (e viver repleto de Vida), entramos no mundo das escolhas.

O que diferencia o Sábio do Tolo são suas decisões, são as soluções que são dadas no cotidiano e, sem dúvidas, as conseqüências geradas por essas decisões.

Bem, então vem a pergunta: Como decidir sabiamente.

Bem, então vem a resposta: Através de um conjunto de valores sólidos e comprometidos com a felicidade das pessoas (da humanidade).

Cabe destacar a concepção de Valores como um conjunto de pressupostos e crenças que permeiam as atitudes e ações de um grupo.

A base da Sabedoria Cristã está declarada em várias partes da Bíblia, contudo ficarei com apenas duas que nos ajudam a tomar decisões comprometidas com a felicidade das pessoas.

Jesus de Nazaré afirma que o maior dos Mandamentos é o Amor e, mais especificamente, no Evangelho de Mateus, capítulo 6, ao responder à uma provocação, Jesus afirma que Amar ao próximo como a si mesmo é a melhor solução.

Portanto, para simplificar a abordagem sobre a Sabedoria e apontar os Valores necessários para facilitarem nossas decisões; fico com o Amor como parâmetro.

Como afirma Santo Agostinho: Ame e faça tudo que quiser... Simples assim: Decisões sábias são baseadas no Amor e nas suas conseqüências.

Vale lembrar que o Amor descrito aqui é o Ágape, aquele que tem uma proposta completa e não o Filos ou Eros, que são mais limitados aos seus propósitos.

Nossa próxima abordagem será o Dom do Entedimento.

Elimar Melo

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Você entendeu?


Conversamos sobre a Sabedoria há pouco tempo e agora iniciamos outra reflexão na mesma linha dos Dons do Espírito. Ressalto que a intenção aqui é fazer várias provocações para nossa reflexão da utilização desses dons em nosso cotidiano.

Como abordado no “Hálito de Deus”, à partir do “sopro de vida” todos somos dotados de dons, mas é preciso querê-los, desenvolvê-los e usá-los.

O Espírito nos inspira, mas só consegue agir se for por meio de nós, assim, um dos dons necessários para nossa ação efetiva é o Entendimento.

Para que possamos realizar nossa Obra é necessário que entendamos qual é “nossa obra”[1]. Uma coisa é sabermos, em linhas gerais, que somos seres destinados ao Amor; mas é preciso entender como o Amor deve ser usado.

Afinal, cada Ser tem suas possibilidades e limitações e se faz necessário combiná-las com o destino de Amar.

Portanto, é o dom do Entendimento que nos “abre” a mente para compreendermos o que é preciso que façamos, é através do dom do Entendimento que percebemos: Como, quando, onde e, principalmente, o que devemos fazer. Uma vez que o porquê é o fundamento de Amar, início do despertar para a verdadeira vida a partir do próprio Hálito de Deus.

Precisamos estar prontos e aptos para recebermos presentes, precisamos esvaziar as mãos para que elas estejam prontas para receberem e guardarem os presentes (dons) que nos são ofertados.

Esvaziar as mãos é um gesto simples... É deixar de “pegar” é desapegar, percebem?! O desapego é o caminho para estarmos sempre prontos para receber.

Engraçado pensar assim, né?! Mas, é a lógica Franciscana interpretada: É dando que se recebe! Só quem oferta o que tem (seus dons e presentes) está apto (e de mãos vazias) para receber mais.

É assim que funcionam os dons do Hálito de Deus. É assim que o Entendimento funciona. Entender pressupõe estar preparado. E o preparo exigido pelo Espírito são as mãos vazias e uma coração de solo fértil (parábola do Semeador. Mt 13).

Entender não é apenas escutar e compreender uma mensagem. Vai além. É assimilar, internalizar, “ruminar” a mensagem para que se possa colocar o Amor em ação.

Se entendermos o que se quer da gente, se entendemos o destino que devemos chegar; escolheremos os melhores caminhos para alcançarmos o Reino.

Elimar Melo

[1] Leiam “Qual é a sua obra” de Mário Sérgio Cortela

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Hálito de Deus


Em Gênesis lemos que no processo de Criação Deus elabora todas as coisas existentes e por fim faz o homem do barro e sopra sobre ele para lhe dar a vida. É comum pensarmos neste ato como um evento mágico em que um artesão constrói sua obra e, quando ele a percebe acabada, liga um botão que a faz funcionar.

Quero provocar você para pensar comigo num outro viés, menos mágico, menos alegórico, portanto mais prático.

O sopro de Deus, a projeção do seu hálito é o que vida ao corpo inanimado, à sua obra finalizada, porém inerte e sem o elemento que vem de “dentro” do Criador. O corpo, como na alegoria usada pelo autor do primeiro livro da Bíblia, é parte de uma obra maior, é um item de muitos que são colocados na Criação. Porém, só depois que o Obreiro retira algo interior seu, algo que lhe é íntimo é que a obra está completa e tem VIDA. É seu sopro, seu hálito, sua vida. Vida divina, oriunda de parte Dele. E é isso que anima o corpo, ou seja, que lhe dá “Anima” (mesmo que alma) e que faz a Criação SER.

Bem, está reflexão inicial é para chegarmos ao sopro... à alma... ao Espírito (mesmo que sopro) de Deus. Vejamos, é o Espírito que dá a Vida, que anima o homem (ser humano) e que faz dele o final da Criação.

O Espírito (Santo) é a essência de Deus, seu íntimo... É Deus! E é somente através Dele que se faz a vida, fora Dele a vida é “de barro”, inanimada, artificial.

Na presença do Espírito Santo é que inicia a criação. Espírito este que fica deixado de lado no momento em que concorre com o pecado (ausência de Deus – ausência do Espírito).

No percurso da história bíblica, seja no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, a presença Dele se manifesta em diversas formas, porém duas em especial me chamam a atenção. A primeira é no batismo de Jesus de Nazaré por João, o Batista. Neste momento Deus se manifesta, Deus fala (sopra com som) e reconhece Jesus publicamente como seu Filho e o Espírito aparece em forma de pomba.

A outra é no momento que os apóstolos estão repletos de medo, trancados e escondidos da perseguição dos fariseus, após a morte de Jesus e o Espírito se manifesta em forma de línguas de fogo e os devolve a Vida (de verdade). Até aquele momento eles estavam inertes, confusos e acabrunhados. É na presença do Espírito que a Coragem aparece. É na presença do Espírito que somos capazes de nos reconhecermos “mais” vivos e prontos para melhorar a Vida dos outros. Darmos mais VIDA ao mundo, melhor dizendo, dar um melhor significado para as pseudo vidas que temos.

Celebramos a festa de Pentecostes, alertei para isso e quis dividir com você. Penso ainda nos dons do Espírito, mas essa é outra conversa.

Continuo a provocação... Pense nisto: Como está a Vida? Cheia ou vazia? Com ou sem Alma? Estamos no “Hálito de Deus”?

Elimar Melo

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Domingo na Carlos Luz

Há uma semana e pouco recebi uma mensagem de alguém do grupo (não lembro o remetente) dizendo que a casa que abriga os adolescentes internos na Fazenda de Caná estava precisando de divulgação, pois estava abaixo da metade da sua capacidade de recepção. Junto com a solicitação veio à informação de que haviam produzidos alguns milhares de folhetos para divulgar o trabalho da Fazenda com os adolescentes.

Passei no Recanto de Caná e peguei um pacote fechado e outro que já estava aberto. No dorso da embalagem dizia que tinha cerca de 20.000 folhetos; achei estranho, pois não me pareceu terem tantos assim; mas, isso não vem ao caso.

Relato isso para contar que no domingo pela manhã fiz a distribuição dos folhetos em duas frentes: a primeira, colocando nas caixas de correios das casas e edifícios da vizinhança lá de casa (Caiçara) enquanto eu descia para a Avenida Carlos Luz e a segundo no final do meu trajeto: Pedro II com Carlos Luz.

Fiquei cerca de duas horas entregando folhetos nas janelas dos carros que paravam naquele semáforo; foi uma experiência interessante e gratificante. Descrevo parte dela para vocês:

Conheci Janaína, vendedora de jornal que trabalha naquele ponto aos domingos; moça simpatia de dedicada, conhecedora do jornal que trabalha e curiosa sobre o material que eu estava distribuindo. Após ler o folheto ficou me inquirindo sobre uma série de coisas sobre o tratamento e me disse que um parente esteve internado em uma instituição similar e que em pouco tempo, após o tratamento, voltou ao vício.

Conversamos sobre publicidade, trabalho voluntário, o estrago das drogas, o frio que estava fazendo mais cedo, etc... Porém, notei que ela guardou o folheto.

Outros companheiros de “sinal” foram o Anderson e Rejane, casal de moradores de rua que estavam limpando os vidros dos carros (que permitiam) em troca de alguma moeda; ambos viciados. Depois de ela ler o folheto, voltou-se para ele e disse: “Isso é pra nós”. Ele ficou interessado em saber se o tratamento era gratuito e como fazia para chegar lá. Indiquei o caminho do Recanto seguindo pela Pedro II e subindo a Henrique Gorceix e garanti que nas noites de terça-feira eles seriam recebidos lá.

Os outros companheiros foram os motoristas. E nesse grupo apareceu de “tudo”... A minha abordagem era a seguinte: “Bom dia! Por favor, você pode me ajudar a divulgar esse trabalho?”.

Alguns liam e agradeciam, garantindo que ajudariam; outros colocavam no painel ou no banco do passageiro, dizendo que leriam depois, mas que, com certeza, ajudariam. Esses foram a maioria. Graças a Deus.

Afinal, um grupo menor, sequer abriu o vidro, mesmo eu batendo nele (sou teimoso, rsrs); outros evitavam até de olhar para não terem que responder. Gente, a indiferença é terrível; triste mesmo.

Encontrei, também, com Edvaldo, amigo antigo; formamos juntos na PUC e atualmente é o contador da minha empresa e tem um trabalho social no Aglomerado da Serra; com o Falcão, companheiro de NPOR e engajado em causas sociais; ambos pegaram “um monte” de folhetos para distribuir. Entrei ainda com um aluno da FGV que elogiou a iniciativa e se propôs a levar alguns a mais para entregar para a turma dele, na qual lecionei.

Foram muitas as expressões de surpresa e interesse, muitas as manifestações de apoio e coragem; além de alguns que pediam mais para “levar para alguém que está precisando”.

Na volta entreguei nos comércios que estavam aberto, que “abertos” foram para receber e divulgar o trabalho.

Gente, domingo que vem estarei em outro ponto perto lá de casa, farei outra rota, talvez perto do Shopping Del Rey; a experiência foi muito interessante; se alguém quiser me acompanhar posso fazer o folheto chegar. Digo isso para que vocês também se animem a divulgar o trabalho da forma que lhes for mais conveniente.

Falava com a Carlinha hoje que meu sonho é ver a Fazenda vazia e inútil, sem internos. Afinal, sonho com um dia em que a droga não assombrará mais as famílias; aí não precisaremos mais dela (da Fazenda). Ela, sabiamente, comentou: “É um sonho de uma vida inteira!”.

Continuo sonhando... Mas, enquanto isso, vamos trabalhando. Coragem!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Liberdade


Segundo Cecília Meireles, Liberdade é o sentimento, que a alma humana alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.

Entretanto, por várias vezes, a nossa liberdade é tolhida, sem prévio aviso ou até mesmo razão.
Muitas vezes, ela nos é tomada... mas em várias, somos nós mesmos que a deixamos.

Deixamos a nossa liberdade quando deixamos de amar o outro, quando julgamos, quando escolhemos os tesouros terrenos em e não os espirituais. Quando fechamos os nossos olhos sobre a injustiça (com frases do tipo: _ Não tenho nada com isso). Entramos na prisão, quando não enxergamos no outro, o básico e puro direito de defesa e da hipótese de inocência. Quando viramos as costas para toda a injustiça, praticada todos os dias.

Qual é na realidade o verdadeiro sentido da liberdade... ou da prisão? Em que lado permanecemos a maior parte do nosso tempo?

Hoje, façamos uma opção pela Liberdade. Por toda a liberdade. Vamos nos despir dos nossos preconceitos e aceitar o outro como ele é. Vamos doar por amor e não por conveniência. Vamos nos importar com a dor alheia e nem que seja através de nossas orações, vamos amar os nossos irmãos, principalmente os menos favorecidos.

Amemos a liberdade, por isso, deixemos livre todos que amamos. Permitamos que trilhem seus próprios caminhos. E esperemos que saibam, que sempre poderão contar com nossa compreensão, nosso apoio e nosso amor.

É bom ser livre...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Eterna Fuga ou a Eterna Busca?












Já tem um certo tempo que não escrevo para o nosso blog. Pensei em dizer o porque aqui, mas honestamente, não consegui achar a razão real. Acho que simplesmente me desconectei por um tempo.

Bom, independente da razão do vôo, aqui estou, tentando por os pés no chão e continuar a caminhada.


Muitas coisas aconteceram desde o último texto e muitos textos foram iniciados sem jamais receberem minha atenção outra vez. Não sei nem onde foram parar...


Hoje, eu resolvi voltar e falar um pouco da vida. A maturidade, pelo menos a cronológica, me leva a analisar com certa freqüência alguns dos meus movimentos e dos que me rodeiam.


Conversando com pessoas de religiões diversas e até com os descrentes, pelo menos um ponto é sempre comum, o sentido da vida.


O que estamos fazendo aqui; para onde vou; existe vida após a morte? E várias outras questões.


O baixíssimo (quase nulo) índice de crimes na Índia está diretamente relacionado com a religião. O altíssimo índice de assassinatos e atentados terroristas, também está diretamente relacionado com a religião.


Os dois acreditam na vida pós morte e cometem atos de preservar ou tirar a vida, do outro e deles próprios, na esperança do que terão na vida eterna.


Eu já aprendi há muito tempo que crenças e culturas devem ser respeitadas, e não questionadas. Afinal, dentro da minha, eu não consigo encontrar respostas ou justificativas ao menos, que sosseguem a minha alma e que justifiquem tirar a vida do outro. Porém, uma das coisas em comum nestes extremos me levou a escrever este artigo, eles vivem plenamente o seu propósito!


Sempre escutei que cada um de nós tem uma missão aqui na terra. Na Igreja Católica, acreditamos que ela é a mesma que Deus deu a Jesus, pregar o Amor! E por incrível que possa parecer para alguns, acho que todas as pessoas vivem pelo amor. Vou exemplificar. O sujeito que trafega no acostamento quando o trânsito está parado, faz isso por amor. O que cria leis para satisfazer os objetivos de seu clã, também. O que enche o corpo de explosivos e vai até uma praça cheia de pessoas e se explode, o fez por amor. O que vive a vida inteira trabalhando como um louco para enriquecer; o que rouba, o que engana, o que mata, todos eles fazem isto por amor! Tudo bem, você nomeia estes atos como egoísmo, narcisismo, etc. (Eu também)!


O amor é a mola impulsionadora do mundo meus caros!!! Amar é fácil, principalmente quando estamos amando somente a nós mesmos, aos nossos desejos e no máximo, alguns poucos que por alguma razão política, emocional, social, familiar, estão próximos a nós.


Bom, aí eu vejo a distorção do plano de Deus. Jesus nos ensinou que também é possível amar o próximo, mesmo quando ele for um fora da lei, um mal educado, um covarde, um egoísta, etc.


Mas como isto é difícil não? Como amar o sacana que te assola incansavelmente? Como Jesus conseguia olhar para os soldados que o esmurravam impiedosamente e não ter vontade de dar-lhes uma bela bifa? De mostrar-lhes quem era quem? Tenho buscado esta resposta há muito tempo e sempre chego no mesmo lugar. Jesus sabia que aquela pessoa tinha tomado o caminho errado, ou simplesmente não tinha coragem de largar o porrete e se contrapor às ordens que recebeu, ao seu chefe que lhe ordenou a surra. Jesus apenas teve pena deles e conseguiu amar a pobreza de espírito daquelas pessoas.


Esta é a prova para mim de que somos completamente livres para escolher nosso caminho aqui na terra, e que Deus é pai e mãe de todos nós. Capaz de nos olhar com amor até no momento em que somos sua antítese!


No exército aprendi que ‘Missão dada, é missão cumprida!’ Então temos que Amar as pessoas como somos capazes de nos amar. De cuidar do outro como cuidamos de nós mesmos, e de ser exemplo desta mensagem de amor Divino, diariamente, incansavelmente!


Podemos fugir todos os dias disto e continuar amando somente quem e o que nós escolhemos. Por isso talvez, a ignorância, a falta de discernimento seja tão cômoda.


O Prodes nos ensinou a ver, julgar e agir, desde então, por mais que eu fuja, acabo cruzando de novo com a minha consciência. Por mais que até queira me afastar das minhas responsabilidades Cristãs, em algum momento ela ‘cai no meu colo’ outra vez. Acredito que assim também acontece com vocês.


Não me lembro como começou a conversa com o Elimar sobre uma candidatura política. Me lembro sim de que o propósito já nasceu claro, viver nossa missão de amar e servir.


Talvez estejamos errados mais uma vez, talvez seja só mais uma cabeçada, um dos tantos devaneios que já tivemos..., mas depois que decidimos o caminho da eterna busca e não o da eterna fuga, a noite se fez dia e o caminho já percorrido desapareceu diante de nós deixando apenas uma opção, seguir em frente!!


Que Deus nos ajude!!


Beijos,


Paulo Tadeu

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Grupo Prodes na Fazenda de Recanto de Cana


O primeiro informativo do Grupo Jurassic Prodes conta com a palavra ilustre, e sempre inspiradora, do Padre Osvaldo.

Foi para mim uma grande alegria quando alguns participantes do antigo Prodes decidiram promover a Parada, para os internos da Fazenda Recanto de Caná. A experiência tem sido muito boa. O terceiro encontro que se realizou nos dias 20 e 21 de novembro teve resultados para entusiasmar a todos, os palestrantes, a equipe, os participantes e o Pe. Osvaldo. A equipe saiu decidida a aumentar o seu pessoal e duplicar o número de encontros para o próximo ano.

Neste ano já se realizou o quarto encontro. Os participantes são internos da Fazenda, em processo de recuperação, quase todos com mais de 25 anos e alguns beirando os sessenta. Cada vez me impressiona como os encontros têm sido bem acolhidos e vem trazendo benefícios. Até gente de curso superior revela ter aprendido e crescido muito, com importantes descobertas para suas vidas.

Aqui temos a manifestação de 4 dos participantes do Encontro de novembro de 2010. O depoimento deles vale mais do que as minhas palavras:

“Tive um grande aprendizado e um despertar. Há muito tempo não sentia o que senti. Aos 16 anos conheci um grupo de jovens chamado AGAPE. Vi agora que perdi muito na escuridão das drogas. Senhor, obrigado por me iluminar” (Edvaldo).

“No retiro pude aprender, entre muitas coisas, a satisfação de ser útil, vendo o exemplo de disponibilidade da equipe. Tive a oportunidade de conhecer e fazer bons amigos, com o bom convívio entre as comunidades Dom Bosco e Damião. Tive oportunidade de me aproximar de Deus e aumentar o meu amor por Ele” (Alexandre Cota).

“Tive uma experiência incrível, neste fim de semana, posso dizer que foi a melhor da minha vida, com a presença de Deus. Ele preencheu o meu coração e todos os espaços, com a sua presença que pude sentir. Quero agradecer os amigos do Prodes que me proporcionaram este encontro com Deus, neste retiro espiritual” (Hélcio).

“Este retiro foi simplesmente extraordinário, foi algo especial que aconteceu na minha vida. Estar com Deus foi o sentimento que tive. Fiquei maravilhado. Desde então resolvi mudar a minha vida. Mudar o meu comportamento como pai, como filho e como irmão, e principalmente como cristão, numa religião tão rica em ensinamentos e em disciplina” (Ronaldo Júnior).

Do último encontro, realizado este ao, tenho o seguinte comentário:

“Durante as trinta de duas horas de meditação e retiro espiritual que o grupo PRODES nos ofereceu nos dias 26 e 27 de fevereiro, do qual tive o privilégio de participar, fui presenteado com grandes ensinamentos e tive a oportunidade de olhar para dentro de mim mesmo, e me ver de uma forma diferente. Além de tornar lúcido em mim o verdadeiro sentido de um despertar Espiritual.

Uma das muitas coisas que me impressionaram, durante o encontro, foi a forma organizada que o grupo encontrou para distribuir 7 palestras, 6 dinâmicas muito criativas, 2 reflexões da palavra, além das belas orações, em apenas 32 horas, incluindo tempo de sono e descanso.

Com tão pouco tempo, tivemos a oportunidade de aprender e ampliar nossos conhecimentos sobre a sociedade, o ser humano, educação e exemplo. Sobre confissão, nossa capacidade de acreditar e em que acreditar, sobre as mais belas parábolas deixadas por Jesus nos Evangelhos. Aprendemos muito sobre o próprio Jesus Cristo e o que ganhamos em seguir o seu caminho; sobre a Santa Igreja e seu apostolado; o chamado de Deus a seguir nossa vocação; o nosso papel de autênticos Cristãos, além do ponto alto do encontro que, para mim, foi o estudo sobre a fé.

Fé é a certeza das coisas que se esperam... Espero sinceramente que Deus continue amparando e ajudando esse Grupo maravilhoso que dedica seu tempo a fazer essa obra linda, com tanto amor e um exemplo cristão a ser seguido. Muito Obrigado e Parabéns a todos vocês!”

Cássio Frank – Comunidade Dom Bosco – Fazenda Recanto de Caná - 2011

Não preciso dizer mais nada. Meus caríssimos, continuem firmes, nosso trabalho precisa de vocês, Jesus Cristo precisa de vocês.

Um grande abraço do Pe. Osvaldo

O próximo encontro do Grupo acontecerá no 14 e 15 de maio. O momento será voltado para os familiares dos internos da Fazenda de Canà. Você pode ajudar? Contatos com Carlinha pelo e-mail carla_pena@hotmail.com

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um Novo Tempo


As coisas mudam em nossas vidas. Disso, quase ningém tem dúvida. Embora saibamos desta verdade, muitas vezes, desconhecemos o mecanismo que cria tais mudanças. Por essa regra, criamos situações em nossas vidas, que na maioria das vezes, atrapalham nossa prosperidade, felicidade, paz e conseguente evolução espiritual.
A auto-estima é, sem dúvida, um dos mecanismos mais importantes. Por nos sentirmos inferiorizados frente a nossos irmãos, desperdiçamos o amor próprio e nos enclausuramos em uma solidão que só existe em nossas cabeças...
A falta de perdão (próprio) é outro destes que sorrateiramente nos envolve em seus grilhões, que são leves demais para serem sentidos até que se tornam pesados demais para serem rompidos. Junto com a falta de esperança, nos impede que agir, de respirar, de viver...
Poderiamos discorrer sobre vários outros destes mecanismos, mas todos parecem se reunir na falta de fé no Cristo interno, que habita em cada um de nós.
Impressionante, como temos ciência desses sentimentos, sem conseguirmos agir. (ou encontrá-los dentro de nós)
As coisas mudam em nossas vidas. Disso, quase ninguém tem dúvida.
E graças a maravilhosa intervenção Divina (que a todos assiste) que, ansiosa espera por nosso pedido de socorro, as coisas mudam!
Ápos intermináveis noites de escuridão e lágrimas, eis que uma sincera prece de arrependimento e humildade, faz despertar em nossos corações a Luz, que por Seu infinito Amor invade nossas vidas e nos faz voltar a enxergar a verdade mais absoluta. Deus nos ama!
E todo o mal começa a se dissipar...
A Luz a todos guia. Um novo tempo começou.
Minha oração vai para todos aqueles que não desistiram. Mesmo quando (parecia que) as trevas eram mais fortes que a luz, não desistiram, e por isso, conseguiram ver a Luz.
"Rogo a todos nós, falhos, que acreditamos que o Amor governa. Levantemo-nos e deixemos que Ele brilhe."

Márcio Vitor