terça-feira, 30 de agosto de 2011

Temor ao Amor

Ao nos depararmos com a palavra temor fazemos associações imediatas e perigosas, com outras palavras como: medo, pavor, susto, repulsa, e outras. Porém, proponho um novo olhar ao pensarmos nesta palavra.

O Temor a Deus com um dom do Hálito de Deus seria, noutras palavras, o temor ao Amor. Aí a gente se pergunta: - Por que eu temeria o Amor? Por que temer a Deus? Não há motivos para temer a Deus, certo?

Bem, o temor é uma forma de avaliar o tipo de amor que temos, o tipo de amor que oferecemos e o tipo de amor que exigimos. A finalidade de temermos o amor não é ter medo de amar.

Lembro de Beto Guedes cantando: “O medo de amar é não arriscar, esperando que façam por nós o que é nosso dever”. Então o temor não está no medo de amar, pois amar é um risco. O temor reside em como amar.

O temor está na constante revisão e indagação de que se o amor que amamos é o que convém a Deus e não o que nos é conveniente a nós mesmos.

Quando declaramos que amamos a Deus estamos declarando que estamos no seio de Deus e que, como nos fala Jesus de Nazaré no Evangelho de Mateus, devemos amar a Deus com todas nossas forças e ao nosso próximo como a nós mesmos. Já pensaram no risco que é isso. O risco de Amar?

Não é o risco que devemos temer; devemos temer o risco de amar errado. Por isso pedimos ao Espírito Santo a graça do Temor, para sempre avaliarmos a consistência do amor que dedicamos.

Todos os outros Dons dizem respeito ao jeito de amar e este, em especial, diz respeito a como usar cada um dos demais para saber se o Amor é verdadeiro e combina com o “jeito” do Hálito de Deus.

Elimar Melo

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Tenha piedade

Pessoas piedosas são pessoas que carregam consigo a tranqüilidade de serem abertas às modificações do tempo, pois o seu olhar para o mundo é diferente.

A piedade reside na capacidade de amar com doçura, cuidado e perdão.

Um ser piedoso não é o que “tem dó” dos outros, ou que se comove com situações de dor, perda ou miséria alheia. Isso não é piedade, é apenas uma sensação de incômodo íntimo, misturado, muitas vezes, com culpa e impotência para a ação.

A piedade reside no jeito de amar o próximo, na maneira com que o olhar se move para as carências do outro, sem comparar com as nossas. Ou seja, não é medir o quanto o outro é miserável e infeliz; é partilhar a nossa Graça e Felicidade.

Elas (Graça e Felicidades) são completas quando oriundas do seio do Espírito, do Hálito de Deus. E dividi-las de forma sincera e aberta, com carinho e respeito às limitações dos outros é a forma piedosa de ser.

Jesus de Nazaré ao se encontrar com a Samaritana, em Sicar, pede a ela água, o que causa imenso espanto àquela mulher. Ele, judeu e homem, portanto socialmente superior à ela, mulher e samaritana, desfaz-se do modelo social e encara o ser humano na sua frente. E o faz com cuidado e respeito, o que deixa a mulher ainda mais impressionada e à vontade.

O dom da Piedade nos faz mais próximos das necessidades de nossos irmãos, pois nos colocamos ao lado deles e não acima deles, com distanciamento, medo ou orgulho de “quem está ajudando”.

Outra confusão comum é pensar que piedade e assistencialismo sejam a mesma coisa. Muitos de nós ajudamos nossos semelhantes oferecendo esmolas e auxílios de todas as ordens. Atitude importante e louvável. Necessária e prioritária para minimizar a pobreza alheia. Contudo, isso por si só não constitui a piedade.

O ser piedoso tem nessas atitudes apenas como uma das manifestações de sua vida aberta ao outro.

Uma das formas mais difíceis de manifesta a piedade é a presença e a escuta. Pois, mais que oferecer coisas, é oferecer-se, partilhar o que temos de mais precioso, nós mesmos e nosso tempo.

Quando suplicamos por piedade, estamos, de fato, pedindo que o outro se coloque em nosso lugar e partilhe conosco do nosso sofrimento, portanto: Tem piedade.

domingo, 7 de agosto de 2011

Sê forte e siga


A primeira questão que me ocorre ao pensar em fortaleza é o aspecto intransponível de uma construção sólida e imponente que tem como finalidade defender uma região.

Esta é a primeira questão e a principal para a reflexão que sugiro para este dom do Espírito.

Sigam o seguinte raciocínio... Lembremos das fortalezas medievais. Onde estão instaladas as fortalezas ou onde elas devem ser colocadas? Normalmente, em regiões estratégica para proteger regiões mais frágeis e evitar a ação do inimigo. A lógica do dom da Fortaleza é a mesma.

Para proteção das investidas dos inimigos devemos nos revestir da Fortaleza do Espírito de Deus. Os inimigos são os pecados, aqueles e aquilo que nos afastam do Hálito de Deus.

Para comportarmos como fortalezas são necessários cuidados importantes e uma atenção especial com os aspectos voltados para defesa. Como as fortalezas medievais, já citadas, seu principal objetivo não estava na conquista, expansão ou crescimento. Mas, na garantia de não perder o terreno.

Assim, o dom da fortaleza é a garantia de que o Espírito de Deus nos reforça para que os propósitos do Carpinteiro de Nazaré permaneçam plenos em nosso cotidiano.

A Fortaleza está na firmeza dos propósitos individuais o que serve de exemplo para as comunidades e torna-se referência de certeza, persistência e fé.

A fidelidade aos princípios e valores básicos da proposta cristã só pode ser mantida se os integrantes das comunidades perpetuam a celebração do legado do Nazareno, através dos Sacramentos e, principalmente, através do cumprimento do maior dos mandamentos; o exercício do Amor.

O desafio não é apenas ser forte. Este já é grande o suficiente para um indivíduo. O maior desafio é ser abrigo do Hálito de Deus e proporcionar a “construção” de fortalezas. As quais eu só acredito que sejam possíveis se forem produto das comunidades cristãs.

Assim como todos os dons do Espírito, a Fortaleza tem sentido se colocada em ação em favor do próximo. Abrigar o dom da Fortaleza para si não cumpre o objetivo do dom. Os dons que recebemos devem ser ferramentas para nos aproximarmos dos outros e tornarmos a existências deles mais significativas e felizes.

O apelo individual é: Sê forte... O apelo coletivo é: Construamos Fortalezas de Fé.

Elimar Melo