sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nossa Fé

Jesus Cristo é a Fonte e o Espelho de Todas as Vocações


O Chamado que Conduz a Igreja de Cristo 
Desde 1981, Agosto é, para nós católicos, o mês das vocações. E o que é uma vocação, senão o exercício de um sim para um chamado que queima no coração e que, de tanto queimar, se torna impossível de conter?
A palavra vocação, originária do verbo latino “vocare”, quer dizer chamado. Por isso, aos cristãos, é sempre um chamado de Deus para alguma missão específica. Cada filho chamado por Deus-Pai, quando abre seu coração a este chamado, se sente impelido, naturalmente atraído para cumprir aquilo a que é chamado.
Nossa Igreja vive e se renova ao longo dos séculos por causa das vocações de milhões e milhões de pessoas. Como veremos, são várias as vocações, de diferentes naturezas, com diferentes finalidades e efeitos, mas todas igualmente importantes, sob a mesma fé, imbuídas do mesmo Espírito, servindo ao mesmo Senhor.
No universo cristão, vocação não é a mesma coisa que profissão, pois não está diretamente conectada a aptidões inatas de qualquer natureza, algo que naturalmente excluiria a muitos e geraria frustrações profundas em tantos outros.
Todo ser humano filho de Deus, principalmente todo batizado, é chamado a ser sempre e em todo lugar “sal da terra e luz do mundo”. Essa incumbência de todo cristão é, em si, uma vocação.
O cristão se caracteriza por ser sempre chamado a praticar o bem e a promover a justiça, afastando-se de tudo que é mal. Mais que desejo, realizar nossa vocação é um imperativo ditado pela nossa adesão incondicional a Cristo.
Vocação é mais que talento (como no dicionário), mais que inclinação, que uma simples propensão. É tudo isso, mas é, antes de tudo, um ato de liberdade suprema, uma escolha pelo amor, um ato de desprendimento de si próprio em prol dos irmãos (dimensão solidária de nossa existência), auxiliando-os em sua jornada de dignidade, descobrimento, potencialização e realização plena, também a partir do exercício de suas próprias vocações.
Vocação, portanto, tem a ver com o chamado essencial de felicidade plena e madura (sentido da vida) que Deus quer para o Homem criado à sua imagem e semelhança – a vocação fundamental à santidade. Seguir Jesus é encontrar e viver essa felicidade plena, pois como aprendemos em João 10,10, aceitar Jesus é ter vida e vida em abundância, mesmo com todas as dificuldades, tribulações e limitações impostas pela vida. E isso mais do que suficiente, é fantástico, porque o que Jesus promete nessa passagem do Evangelho de João é abundância de vida, a vida eterna conquistada por Ele na cruz; e não a vida mundana abundante de bens materiais, conforme apregoam algumas seitas supostamente cristãs.
Como tudo que vem de Jesus e é feito para o seguimento a Jesus, não há vocação que se baste em si própria, como não há bem que beneficie somente a quem o faz. Vocação, em Cristo, é e deve ser para o outro, porque tem a ver com trabalhar no projeto de Deus, na construção de seu Reino, propagado há 2000 anos.
É certo que todas as vocações são importantes, pois todas conduzem àquilo que é perfeito por definição: a caridade. Esta, por sua vez, se apresenta como a principal essência da vocação universal à santidade. E isso tem tudo a ver com a construção do Reino de Deus nesta vida, neste mundo. Assim, fica claro perceber que é pela manifestação produtiva das vocações que se fortalece a caridade, que direciona todos e a cada um de nós à santidade.
O primeiro passo para descobrirmos e termos certeza de qual é nossa vocação específica, qual é nosso papel na obra de Deus, é exercitarmos o desafio de ouvir atentamente o Seu chamado: ouvir nosso coração, ouvir o som no mais profundo de nossa mente, ouvir o apelo mais singelo de nossos irmãos, o clamor da Igreja, as palavras de Jesus. Como a fé, a vocação também se materializa pelo ouvir, mas é outro tipo de “ouvir”.
Este mês vocacional proposto pela Igreja tem por objetivo nos chamar à ação concreta a partir de nossa(s) vocação(ões) específica(s). Por isso, devemos refletir sobre a importância de nosso papel e de nosso compromisso com o Projeto de Deus, com a Igreja e com a sociedade. Afinal, para Jesus, todos importamos, porque “a messe é grande e os operários são poucos” (Lc 10, 1-9).
Querido Irmão, querida irmã: vale, então, refletir: Com que frequência você tem ouvido seu coração? Você já encontrou sua vocação? Pelo menos a tem procurado? Que ações concretas você tem produzido para a edificação do Reino de Deus em sua comunidade, começando por sua família?
Jesus Cristo ressuscitado, antes de voltar ao Pai, nos transferiu sua força transformadora pelo Espírito Santo, que nos deixou como advogado. Esse Espírito Santo é quem constantemente nos capacita com dons e é também quem nos fomenta e aquece as vocações latentes em nossos corações.
Jesus fez isso para que pudéssemos ter resiliência, confiança, fé e esperança suficientes diante de todos os riscos, contraditórios, perseguições e desafios que desde sempre sabia e anunciou que enfrentaríamos ao carregarmos sua Mensagem e edificarmos sua Igreja ao longo dos séculos.
Cristo é a rocha espiritual sobre a qual a Igreja foi lastreada
Somos membros da Igreja instituída por Cristo e sobre Cristo – Ele, a pedra rejeitada, a rocha espiritual sobre a qual a Igreja foi lastreada, porque dela, seu corpo místico, é a cabeça e, antes de tudo, porque é o Verbo Encarnado, a Palavra de Deus, o Filho Salvador.
Cristo repetidamente anunciou que subiria ao Pai; que não estaria mais presencialmente conosco até o momento oportuno de sua volta. Com isso, nasceu e floresceu a importância do discipulado vivo, presente, eficiente, capaz de se capilarizar e converter a tantos quantos possível, porque sem Jesus presencialmente neste mundo, caberia aos discípulos – a nós – construir sua Igreja.
Pedro, o 1º. discípulo e 1º. papa, é a rocha humana que Cristo escolheu para conduzir sua Igreja
Simão Pedro, o primeiro e líder dos discípulos, o pescador simples, rude e analfabeto, tornou-se nosso primeiro papa. Pedro, em si, é a síntese do povo católico, em tudo que representa de santo e pecador.
Pedro, esse líder, foi quem negou Jesus 3 vezes, quem dormiu no Jardim das Oliveiras enquanto o Senhor sofria agudamente antes de sua captura pelos soldados romanos, aquele que foi chamado de Satanás pelo próprio Jesus (Mt 16, 21-27).
Mesmo com essas atitudes, Jesus “rebatizou” Simão de Pedro (Kepha ou Cefas = rochedo em grego) e o transformou na rocha humana, falha e pecadora, escolhida pelo Salvador desde o início para conduzir sua Igreja (“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” – Mt 16,18).
Pedro e essa “estranha” decisão de Jesus
Mas porque Jesus teria outorgado sua Igreja e as chaves da religação com os céus a Pedro, se Ele já sabia detalhadamente de todos seus pecados e falhas? Por que não João, o discípulo amado, aparentemente “melhor”, Thiago Maior ou Filipe (ambos supostamente líderes mais fortes), ou qualquer outro discípulo?
Parece não fazer sentido… mas faz enorme sentido e isso é a mais singela VERDADE sobre a legitimidade de nossa Igreja: Deus-Pai nos amou mais que tudo, antes mesmo de termos a chance de perceber, compreender e retribuir a parte humanamente possível desse amor infinito, mesmo com todas as nossas falhas e natureza pecadora.
Jesus não poderia esperar que seres imperfeitos pudessem aceitar o fardo impossível de edificar a perfeição na Igreja, representada por Ele. Jesus quis (de fato foi sua ESCOLHA) que a imperfeição humana conduzisse sua Igreja (no âmbito humano), porque somente assim a Igreja seria humilde, pequenina e verdadeira o suficiente para ser reflexo da Humanidade falha e, portanto, capaz de espelhar, acolher, perdoar e converter para Sua Mensagem e para o Reino do Pai. Só assim seria possível esperar que houvesse conversão real de cada um de nós, adesão verdadeira ao Seu Projeto e, portanto, o discipulado a partir das vocações individuais.
Por isso Jesus escolheu Pedro: porque Pedro representa em essência toda natureza humana. O mesmo Pedro que deu seu sim “sem pensar” ao chamado do “desconhecido” Jesus na praia enquanto pescava com seu irmão André; aquele que defendeu Cristo cortando a orelha de Malco; que teve a graça de confessar, antes de todos, que Jesus era o verdadeiro Messias, o Filho de Deus (a “revelação fundamental de Pedro”), é o Pedro que também foi capaz de fugir, negar e tentar conter o projeto salvífico do Senhor.
Pedro é claramente, em maior ou menor dimensão, exatamente o que somos como imitadores de Cristo: seres dicotômicos na fé, claudicantes na certeza, santos (porque santificados por Cristo) e pecadores por natureza.
A Igreja só é perfeita porque é santificada por Jesus
Eis aí a perfeição completa da Igreja. Perfeita, porque inspirada, criada e alimentada por Cristo, sua cabeça, é espiritualmente Santa, definitivamente Santa. Perfeita também porque incorporando a imperfeição de todos nós pecadores – justamente aos que Cristo veio salvar e reconciliar com o Pai, na cruz – é pecadora pelos pecados de seus membros, desde Pedro, mas humanamente Santa, pela santificação dos Homens que por ela vivem… todos nós santificados pelo sangue e graça de Cristo.
Nossas vocações materializadas em amor supremo a Deus e serviço ao próximo são o fermento da Igreja de Cristo
Pelo que está acima, temos, como Pedro, a obrigação de ser e agir como Igreja VERDADEIRA de Cristo – e não como Igreja que “também” tem ou traz Cristo em sua doutrina. Aqui não há e não pode haver relativizações do papel e da primazia de Jesus, porque não há doutrina de Cristo no Catolicismo, mas Cristo e seu Evangelho como única doutrina do Catolicismo.
Por isso, se não materializarmos nossas vocações em serviço ao próximo, estaremos negando o Evangelho de Cristo, ao manter improdutivos os talentos que nos foram dados por Deus (conforme a Parábola dos Talentos contada por Jesus em Mateus 25, 14-30).
Em suma, as vocações são dons que devem ser transformados em FRUTOS concretos do Espírito e é somente atendendo a esse chamado de Deus que conseguimos, como espécie, realizar plenamente nossa vida nesse mundo (sentido existencial).

Retirado da revista Kênosis - Fascículo III: Vocações e a Igreja Viva
Contribuição de Paulo Tadeu

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O tal Casamento

No próximo final de semana, estarei completando 16 anos de casado. Como passou depressa... e como eu estava despreparado para a realidade do matrimônio.
Celebramos nosso casamento no ano em que completei 30 anos e minha esposa 26. Julgava ter esperado o suficiente e vivido bastante a vida de solteiro, pronto para viver uma vida a dois e construir a minha própria família. Aos 30 anos eu já estava formado, tinha um emprego estável e a condição, ainda que bem austera, de sustentar nossa casa.
Planejamos esperar uns anos para ter filhos. Queríamos fazer umas economias, ter uma moradia própria e principalmente, fortificar nosso amor. Concordávamos que ser Pai e Mãe era uma “brincadeira” séria e não queríamos correr o risco de viver uma separação, que por si só é bastante traumática, com filhos então...
Mas tentar controlar nossas vidas é uma atividade dolorida, frustrante e desnecessária. As coisas acontecem no tempo de Deus e demoramos um pouco a entender isto. Apesar de toda organização, nos vimos destruindo nossa relação após termos alcançado a maternidade, um lar e crescimento profissional.
Antes de jogar a toalha e caminharmos cada um para o seu lado, decidimos fazer uma terapia de casal. Precisávamos de ajuda. Já estávamos muito seguros de nossas verdades unilaterais, para conseguir conversar (escutar e entender o outro) sozinhos. Foi muito melhor do que eu imaginava. Começamos incrédulos. Apesar de a terapeuta ter moderado nossas sessões com maestria, entrávamos no carro esbravejando e acusando um ao outro, mas com o tempo, as raivas e brigas foram trocadas por risos e chacotas dos nossos próprios erros.
Acho que Deus deve ter visto nosso esforço para aceitarmos nossas imbecilidades e resolveu nos mandar mais um anjinho para cuidar. O que aumentou ainda mais nossa responsabilidade como guardiões da nossa família.
Mas a rotina é cruel e o mundo te vende felicidades. Trabalhe, ganhe dinheiro, compre mais, viaje, tenha mais, etc e você será feliz.
Mesmo não sendo do grupo dos mais bitolados, também “dançamos conforme a música,” vivíamos e vivemos como o nosso entorno e ai, esquecendo do que realmente nos uniu, do amor que temos um pelo outro e de viver neste amor, fomos nos distanciando outra vez... A grande diferença era a consciência do limite. Como já havíamos experimentado os problemas de uma relação egocêntrica e egoísta, tínhamos nossa referência do até onde chegar antes de acionar os antigos problemas e por isso, já não nos permitíamos ir muito longe em nenhuma das discussões. Ainda assim faltava algo.
Sei que Deus tem o seu plano para cada um de nós e não descuida dos Seus filhos. Ele decidiu então nos dar outra ‘mãozinha’, colocou então algumas pessoas no nosso caminho para nos ajudar. Convidaram-nos a participar do Encontro de Casais com Cristo e apesar de relutar por dois anos, dissemos sim no terceiro.
Sem dúvida nenhuma, um dos melhores presentes que já recebemos na vida!
Estar próximo de Deus e de Seu plano. Participar de uma comunidade na qual as pessoas buscam diariamente viver de forma Cristã, claro que ninguém consegue sempre e até isso é bom. Termos a referência de Cristo, dos irmãos de Fé, alivia a caminhada e nos dá força para fazer diferente. Um casamento a 3, tendo Deus como o Elo da nossa união. Este é o segredo de uma união com amor e do Sacramento do Matrimônio.
De lá para cá muita coisa mudou em nossas vidas, inclusive o amor que sentimos um pelo outro. Este, nunca foi tão claro, tão sólido e tão Divino quanto é agora.
Quais são os casais que você quer conviver? Que tipo de exemplo você quer para vocês e para os seus filhos? Quer educá-los na Fé ou deixá-los expostos ao materialismo humano? Quer se cercar de amigos cujo maior interesse é ver Cristo em você?
Diga sim! Abra mão de um fim de semana normal e experimente fazer um Encontro com o seu cônjuge e com Deus. Um sim sempre abre muitas possibilidades.
Amém!


Paulo Tadeu de Resende 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Habemus Papam


     Em minha vida, eu só consigo me lembrar de dois Conclaves, afinal, em 1978, quando o querido João Paulo II foi elevado ao posto máximo da Igreja Católica, eu era muito menino e não me resta, deste evento, memória efetiva.
O primeiro, elegeu o Alemão Joseph Ratzinger, tornando-o, Papa Bento XVI. O segundo, a poucas semanas, trouxe nos o amável Papa Francisco.
     Confesso, que não acompanhei com muito entusiamo a trajetória de Bento, e por isso, me abstenho de comentar seu papado. Até porque, meu objetivo, neste artigo, é o novo Papa. Novo. E como toda novidade, Francisco (espero que não seja um desrespeito me referir a ele sem a devida cerimônia) trouxe consigo diversas atitudes carregadas de inovador pastoreio. Sempre tive um enorme Amor por João Paulo II, por seu carisma e busca de aproximação com o povo de Deus, contudo, nunca me senti tão feliz em me referir a um Papa como me sinto agora, em relação ao novo Pontífice. Suas ações vêm encantando o mundo, Católico e não católico, por sua simplicidade, carisma, desapego material e vontade de implementar mudanças, que aproximem, cada vez mais, o Ser Humano, de Seu Criador. Em geral, as mudanças causam ansiedade e resistência. Mas Francisco está rompendo estas e outras barreiras com seu sorriso e atitude positiva. O que me cabe neste momento é acreditar, que o Amor pregado pelo Cristo está sendo, cada vez mais, vivido pela Igreja que me abraçou e dentro da qual, tenho meus maiores e melhores momentos de Fé e vida Cristã.
     Oro, todos os dias, por Francisco. Para que seu Pontificado nos renove a Fé Viva. Que nos renove a Esperança Amorosa. Que nos renove a Força Transformadora. E agora, peço a você, que lê estas simplórias linhas, que oremos por Francisco, pedindo ao Amoroso Mestre Jesus que a sua Divina Luz ilumine, guie e oriente, os passos, pensamentos e ações do nosso novo Pastor.
Seja bem vindo, querido Amigo.
Habemus Papam!
     Grande e Fraternal abraço, do amigo;
     Márcio Vitor